A Casa Grande e a Capela, construídas em meados do Século XVII, por Fernão Paes, irmão de Pedro Vaz de Barros, fundador da cidade ainda se encontram em Sto. Antonio, recolocadas tal como foram concebidas.

HISTÓRIA

A Casa Grande do sítio Santo Antônio foi construída aproximadamente em 1640, época em que o bandeirismo estava em alta, pelo bandeirante Fernão Paes de Barros, em terras doadas por seu pai Fernão Vaz de Barros. Seu proprietário era um dos maiores financiadores de bandeiras, que conseguia financiar através, principalmente, da policultura.

Apesar de já existir uma capela dentro da Casa Grande, por insistência da esposa do Capitão Fernão Paes de Barros, a Dona Maria Mendonça,  em 12 de junho de 1682, foi construída a Capela do Sítio Santo Antônio, a 30 metros da Casa-Grande.

A casa-grande do Sítio de Santo Antônio, se desenvolve através de uma planta retangular de 35m x 15m e simétrica, em que são divididas em três setores bastante definidos, as funções da residência, que são social que é onde está o alpendre, a capela e o quarto de hóspedes, sendo o alpendre a parte principal da casa, íntima, sala onde se desenvolvem os quartos e serviço, fundo da casa. O telhado é de quatro águas, com telhas que deixam a luz passar, e assim percebe-se que é apoiado por paredes grossas de Taipa de pilão, típico de construções bandeiristas. Havia poucas janelas, e as que havia eram protegidas por balaústres de madeira.
A capela do sítio Santo Antônio, construída a 30 metros da Casa Grande, constituída de nave, torre e alpendre, também foi feita de Taipa de pilão, exceto a sua torre que foi construída com pedra e recoberta com barro. Sua planta, não segue as plantas tradicionais da arquitetura religiosa da época, e sim das capelas jesuíticas, tendo a nave e o altar principal em um mesmo corpo de construção. O alpendre e a nave do exterior, são separados com peças de madeira, que dá um efeito de claro-escuro na edificação. A fachada da Capela é completamente feita de madeira, suas treliças e gradeados formam um jogo de luz, e até hoje está conservada.

Um patrimônio histórico estimado por personalidades

O valor histórico da Casa Grande e Capela de Santo Antonio pode ser atribuído a vários fatores. Desde a data de construção, até a importância de seus ilustres proprietários: Fernão Paes de Barros, Barão de Piratininga e o escritor modernista Mário de Andrade, este último adquiriu e doou os imóveis ao Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1947. Ao doar o imóvel, o escritor fez uma exigência: ser o zelador deste patrimônio enquanto estivesse vivo. Sua intenção era tornar a Casa Grande um local de repouso para os artistas brasileiros.  

Do tombamento à criação do  Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN)

Numa excursão feita por Paulo Duarte em 1936, ficou conhecendo a capelinha de Sto. Antonio, já em parte destruida pela ação do tempo. Ao revê-la em princípios de 1937, em companhia de Mario de Andrade,encontrou-a de tal forma decrépita e abandonada que não se conteve e deu o grito de alarme.

Seus veementes artigos da série “Contra o Vandalismo e o Extermínio”, mais tarde reunidos em volume, tiveram o condão de chamar a atenção do povo e dos governantes para o escasso patrimônio histórico de S. Paulo, prestes a desaparecer em ruinas.

A campanha encontrou a melhor ressonância nos meios intelectuais, produzindo, por consequência, a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), repartição federal, de que Mario de Andrade foi o primeiro delegado em S. Paulo.

Em companhia do arquiteto Luís Saia, então técnico do Serviço, Mario de Andrade faz demorada visita aos dois monumentos, procedendo o seu tombamento. Em 1944 adquiriu o sítio de Sto. Antonio com as duas vetustas edificações, confiando a Luís Saia o meticuloso trabalho de restauração. Com o falecimento de Mario de Andrade, ocorrido no mesmo ano de 1944, passou o sítio, por disposição testamentária do saudoso escritor, para propriedade do SPHAN. Os processos de restauração continuam até hoje.

Atualmente, encontra-se sob os cuidados do CONDEPHAAT.

A pequena capela, com suas imagens pintadas a ouro, com os seus altares e retábulos de madeira, artisticamente trabalhados a mão, e bem assim, a ampla morada patriarcal de Fernão Paes de Barros, têm sido objeto de interessantes estudos por parte de especialistas no assunto, dentre os quais devemos mencionar: MARIO DE ANDRADE – “A Capela de Sto. Antonio, em S. Roque”.

No entanto, a primeira e mais remota referência aos dois monumentos aparece, porém, num artigo do sãoroquense ANTONIO JOAQUIM DA ROSA (Barão de Piratininga) publicado no “Almanaque Literário da Província de S. Paulo”, 1881, sob o título – “A Ermida de Sto. Antonio
A mais antiga casa de legítimo Bandeirante assinala o elevado valor das duas edificacões de Sto. Antonio, quer como raros exemplares de construções seiscentistas, quer porque testemunham como vivia um grande senhor da época.

Em suma, é através da arquitetura da residência do capitão Fernão Paes, que podemos entrevêr as idéias, os preconceitos, as aspirações, o sistema de vida de uma época de sofrimentos, de lutas e de heroismo. E sobretudo, a abastança de Fernão Paes, que fez adornar a sua capelinha com o que de melhor e mais luxuoso poderia conseguir.

VISITAÇÃO

Atualmente, o Sítio Santo Antônio, é um patrimônio histórico aberto a visitações.
 Além disso, é um importante ponto turístico do município de São Roque, fica a apenas 8 km do centro. Há uma estrada asfaltada que vai direto para o sítio, porém existem caminhos alternativos, que podem enriquecer a experiência da visita.

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